TV RING SPORTS: Entrevista com Oriosvaldo Costa, “Mr. Kung Fu”, o último ‘lutador romântico’ do MMA

Posted By Eduardo Moraes

Oriosvaldo Costa é um artista marcial misto brasileiro, também conhecido pela “alcunha” de ‘Mister Kung Fu’. Ele é um personagem “ilustre” de seu país, tanto no meio esportivo, como nas mídias sociais.

O ‘folclórico’ lutador é um cara “estranho”. Parafraseando Luca Atalla : “No seu corpo, os músculos parecem ‘brigar’ contra o seu biótipo para enfim se delinearem, destoados como ‘acessórios’ esportivos em um carro popular”. [ * ]

NE.: [ * ] Descrição do também competidor de MMA Matt Lindland feita pelo consagrado jornalista Luca Atalla em matéria para a Gracie Magazine Nº 65, do mês de junho de 2002.

Oriosvaldo Costa se tornou uma “sensação da internet” por já ter sido colaborador de algumas das maiores publicações impressas de artes marciais em língua portuguesa e, atualmente, ele trabalha para alguns ‘sites’ especializados pelo mundo. Quando me aprofundo sobre suas realizações é realmente incrível o quanto ele realizou e viveu até aqui. Seu ‘recorde’ como profissional de MMA é composto por 3 vitórias, 4 derrotas e 1 ‘No Contest’. E embora possa não ter o currículo mais notável no papel, a sua jornada serve como inspiração para os nossos jovens, pois mostra que querer é poder.

Ele é um dos pioneiros do esporte MMA em sua terra natal e, sem dúvida, faz parte de uma “raça em extinção”. A mídia especializada já o citou como o último ‘lutador romântico’ do MMA.

Logo após o ‘GAFC Fight Night MMA’, eu conversei com o ‘Mister Kung Fu’, que mostrou-se amigável e simpático, como sempre. Compartilhamos algumas mensagens no WhatsApp e concordamos em conduzir a entrevista por e-mail para que ele pudesse me escrever de volta, porque eu - como quase todo mundo na comunidade das artes marciais - tinha algumas perguntas.

Na entrevista à seguir, ele respondeu a algumas questões sobre a sua preparação e onde poderíamos vê-lo em seguida, entre outros assuntos.

1) Eduardo Moraes: Então, o que você tem feito ultimamente? Eu entendo que você é um lutador de MMA e também escritor. Não acha que é um pouco demais se dedicar à tudo isso ao mesmo tempo?

Oriosvaldo Costa: Na verdade, não, não é problema nenhum. Eu sou um lutador em primeiro lugar e escrevo principalmente como um ‘hobby’, o que me ajuda na recuperação entre as sessões de treino. Eu não vivo só das artes marciais e da escrita, também tenho outros empreendimentos que caminham em paralelo. Mas continuo com o objetivo de me tornar um “recorde” de idade lutando nos eventos de MMA pelo mundo.

( NE.: Atualmente esses ‘recordes’ pertencem ao canadense John Williams, que lutou MMA até os 70 anos, em Moncton, no Canadá [ em evento realizado no dia 24 de julho de 2010 ], e ao brasileiro “Rei Zulu” que lutou ‘Vale Tudo’ e / ou MMA até os 64 anos de idade, aqui no Brasil ).

2) Eduardo Moraes: Há alguma coisa que você gostaria de dizer para as pessoas que pensam que você está “desacelerando”?

Oriosvaldo Costa: Se fosse o mercado de ações, eu poderia ver muitas pessoas vendendo [minhas] ações, mas posso prometer àqueles que as mantiverem, que o valor vai subir muito de novo. Vou estar de volta às competições novamente em breve. É só aguardar.

3) Eduardo Moraes: Como está o seu regime de treinamento semanal com vistas à esse objetivo?

Oriosvaldo Costa: Eu treino todos os dias. Eu faço corrida logo pela manhã cedo, ou então substituo por algum outro exercício cardiovascular, um pouco mais tarde. Depois descanso um pouco, para então, já à noite, fazer o meu treinamento de artes marciais, sempre procurando variar as modalidades; Além disso, eu também procuro adicionar sessões de ginástica ou musculação, pelo menos 2 a 3 vezes por semana.

4) Eduardo Moraes: É verdade que você pretende se alternar entre MMA e “boxe de celebridades”, mantendo-se ativo em esportes de combate diferentes?

Oriosvaldo Costa: Como você poderia não tentar participar de algo tão grande como uma luta de “boxe de celebridades”? Eles também tem ‘grandes pagamentos’ e, além do dinheiro - o que gera poder e respeito - eles promovem grandes eventos. Isso traz muita ‘visibilidade’ para o lutador. Eu adoraria lutar em uma ‘promoção’ dessas [ tipo o ‘Fight Music Show’ e o “Danki Fight Show” ], “para me tornar mais popular”. Mas meu principal direcionamento continuará sendo o MMA, modalidade que permanecerei focado.

5) Eduardo Moraes: Recentemente foi anunciado que o “IVC: Retorno às origens” será realizado na cidade de São Paulo, com a edição seguinte acontecendo nos EUA. Você concordaria em lutar sob esse ‘conjunto de regras’ ou acredita que isso é um retrocesso para o esporte?

Oriosvaldo Costa: Concordaria sim, tranquilamente. As minhas duas primeiras lutas [ em 1998 e 2005 ], foram realizadas sem luvas, sem regras e sem tempo. Então, eu não sou um estranho ao ‘jogo’ do “Vale Tudo”. Acredito até que, nesse formato do ‘International Vale Tudo Championship’, o Jiu-Jítsu voltará à mostrar o seu valor. Quem sanciona o boxe “sem luvas” também sanciona o “Vale Tudo”. Já foi até mesmo provado que o “Vale Tudo” é um esporte que “agride” muito menos o cérebro do que o MMA ou outra modalidade ‘enluvada’. Eu não vejo nenhum problema com relação à essa modalidade.

6) Eduardo Moraes: Tem alguma outra promoção de artes marciais que lhe interesse?

Oriosvaldo Costa: Sim. O ‘Executive Fight Bushido’, promoção do ex-campeão do “K-1 Word Max” Kohiruimaki Takayuki, e que está vindo para o Brasil graças à visão empreendedora do Shihan Neto Silva e do Sensei Ricardo Santos. Creio que seria interessante a minha participação em alguma edição desse evento. As matérias que eu escrevo são lidas pelos brasileiros que vivem no Japão. Certamente eu vou atrair a atenção desse público, que ficaria curioso para me ver em ação. Além do que, há vários atletas veteranos, “maiores de 50 anos de idade” lutando na ‘terra do Sol Nascente’.

7) Eduardo Moraes: As lutas envolvendo veteranos ( “maiores de 50 anos” ) estão despertando muito interesse e virando uma tendência mundial. Ainda existe muito preconceito com reação à idade em nosso país?

Oriosvaldo Costa: Alguns caras, entre estes, muitos fãs, são desrespeitosos quando se trata de idade, mas quando você chegar lá, você não vai querer que as pessoas sejam desrespeitosas com você, certo? A idade não é nada além de um número. Então, eu sinto que se os fãs realmente se importam com os lutadores, quando ficarmos mais velhos, apenas nos apoiem, porque estamos nos divertindo e fazendo o que amamos. Não vou deixar a idade me impedir de fazer nada. Lutar é um objetivo pessoal meu, e vou voltar à competir, porque ainda adoro isso e quero fazer mais algumas lutas de MMA e outros esportes de combate antes de ficar “realmente velho”.

8) Eduardo Moraes: Há algum adversário em particular que você gostaria de enfrentar?

Oriosvaldo Costa: No MMA eu deixo essa tarefa [ de selecionar adversários ] para os promotores dos eventos. Quanto ao ‘boxe de celebridades’ é uma outra “pegada”. Poderia ser algum ‘digital influencer’, um “youtuber”, alguém do meio artístico e cultural, ou até mesmo atletas que já tenham ‘brilhado’ em outros esportes, como um ex-jogador de futebol, enfim...Alguma “estrela” com quem eu possa lutar por um bom ‘prêmio’ em dinheiro.

9) Eduardo Moraes: Você é um dos poucos representantes do Kung Fu nos ringues, ‘cages’ e ‘octógonos’. Quais os motivos que o fazem continuar com a prática das artes marciais chinesas?

Oriosvaldo Costa: O que me cativa é que o Kung Fu desenvolve técnicas marciais, mas também incentiva o estudo da filosofia, além da manutenção e/ou recuperação da saúde. Então devemos tentar encontrar um equilíbrio, “sem pender” para um ou para o outro. Na China existem muitos mestres que são mais famosos por sua longevidade e saúde do que mesmo por sua eficiência nos combates. Creio que se trata mais de uma condição cultural do que apenas um esporte. Eu abandonei o Wing Chun e estou me dedicando à um outro estilo de Kung Fu, além de ter iniciado a prática do Chi Kung. Eu estou muito empolgado.

10) Eduardo Moraes: Poderia nos falar um pouco mais sobre a prática do Chi Kung? Ela pode influir positivamente no desempenho dos competidores?

Oriosvaldo Costa: Estou aprendendo o trabalho respiratório, para fortalecimento interno do corpo. Com isso, há uma melhora da saúde geral do praticante e, consequentemente, o aumento da resistência e da força, o que reflete no desempenho durante os combates. Estes são alguns dos benefícios da prática do Chi Kung. Como disse, os adeptos das artes marciais chinesas devem “lutar” pelo equilíbrio entre o “yin” e o “yang”. Um bom exemplo disso, e que já citei em outras entrevistas, é o caso do ator e fisiculturista Bolo Yeung (Yang Sze), versado em alguns estilos de Kung Fu, mas cuja prática favorita é o Tai Chi Chuan.

11) Eduardo Moraes: Se você pudesse deixar uma mensagem para todos que estão lendo essa entrevista, qual seria?

Oriosvaldo Costa: Quero aproveitar esta oportunidade para dizer que sigam aperfeiçoando os seus conhecimentos. E então vocês poderão se tornar ‘senhores do seu próprio destino’, ou seja, “personalizando-o”. Mas o mais importante é a confiança. Acredito que minha experiência impressa nesta entrevista seja de grande utilidade para todos os praticantes das artes marciais.

Gostaria de agradecer à todos e desejar tudo de bom para vocês também.

12) Eduardo Moraes: Para finalizar, poderemos festejar após a sua próxima luta?

Oriosvaldo Costa: Claro!!!

*Entrevista concedida ao Editor Eduardo Moraes | Escrito em 01/10/2024

Legenda : Oriosvaldo Costa, “Mr. Kung Fu” tem um ‘recorde’ de 3 vitórias, 4 derrotas e 1 ‘No Contest’ no MMA.

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quarta-feira, 2 de outubro de 2024

Entrevista com Oriosvaldo Costa, “Mr. Kung Fu”, o último ‘lutador romântico’ do MMA